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[Paulicéia 078] Felix Pimenta: a dança como acolhimento

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[Paulicéia 078] Felix Pimenta: a dança como acolhimento

Gaía Passarelli
Jun 8, 2022
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[Paulicéia 078] Felix Pimenta: a dança como acolhimento

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Alô, Paulicéiers 👉 Como eu já contei no Paulicéia da semana passada, estamos nos aproximando do final do projeto. A última edição será enviada em 24/06, e o Guia Paulicéia, conteúdo enviado para apoiadores todas as sextas-feiras, passa a fazer parte da newsletter Tá Todo Mundo Tentando a partir de 01/07. Dúvidas? Fale comigo: é só responder esse email!

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O papo de hoje é com o Félix Pimenta, dançarino, integrante da crew Amem, articulador da Coordenadoria de IST-AIDS em São Paulo e um ícone da comunidade ballroom em São Paulo.

foto: divulgação

“Eu sou Félix Pimenta, tenho 32 anos, sou natural de Mauá mas cresci em Ribeirão Pires. Hoje moro em São Paulo, no Jabaquara. Sou um artista que começou o estudo e a preparação da vida artística na dança, e hoje atuo também como MC, sou pioneiro da comunidade ballroom aqui no Brasil, cofundador do coletivo e da festa Amem. Além disso, sou articulador do programa de IST, da Coordenadoria IST-AIDS da cidade de São Paulo, e pai da Casa de Pimentas e da House of Zion

felixpimenta
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Origens

“Desde criança eu sempre gostei de dançar. Já tinha as referências da família, de pessoas que gostavam de dançar, meus pais, meus primos, então via as pessoas dançando e gostei também — aquela coisa de criança, principalmente anos 90, vendo É O Tchan, grupos de axé, tudo que tinha de dança eu gostava. Mas iniciar mesmo, no sentido de estudar, comecei dentro de um projeto na Escola Estadual de Roncon, acho que em 2001. Foi quando comecei a estudar realmente, pegar a estrutura da dança e a participar de eventos.

“Acredito que sou a primeira pessoa da família que começou realmente a trabalhar artisticamente e trabalhar com dança. Mas apoio artístico eu e meu irmão mais velho já tínhamos. A gente já saía de lá do São Caetaninho (bairro periférico de Ribeirão Pires) para fazer atividades culturais no Centro, por exemplo, com o apoio dos pais, esse incentivo cultural que faz toda a diferença durante a infância e a adolescência. 

“Depois, na vida adulta, como eu chegava em certos lugares que ninguém tinha chegado, eles conseguiram entender, senti muito apoio da minha família. Não tinha essa coisa de família classe média alta, rica, que já tem muito encaminhado o que os filhos precisam fazer como profissão. Minha família tinha isso aberto. A nossa chegada na faculdade deu um outro caminho, era algo novo e diferente, acho que sempre viram como oportunidades de conseguirmos nos virar. E como a gente conseguia, não só eu como meus irmãos, em outras áreas, a família acabava entendendo e apoiando esse caminho da arte e da dança. Hoje sou muito tranquilo com a minha família.

felixpimenta
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Cultura Ballroom

“Tive contato com a cultura ballroom pela primeira vez em 2006, depois que vi a galera das danças urbanas eu fazia aulas. As pessoas começaram a falar sobre vários tipos de dança, sobre voguing, e fui pesquisar, encontrar os primeiros vídeos, ir atrás do que existia online — era o começo dos canais de vídeo. Depois disso, comecei a fazer as aulas e fui entendendo. Aqui no Brasil só em 2015 que a gente oficializa mesmo uma comunidade ballroom, que foi quando começaram as primeiras balls, como a Mini Ball, que consideramos que deu esse start, a BH Vogue Fever, em Belo Horizonte, organizada pelo Trio Lipstick. É aí que realmente todo mundo começa a participar, gente de diversos lugares, começam a surgir as houses, é isso que a gente vê como o começo real da cena.

Amem

“A Amem existe desde 2016. Começa como festa e depois a gente identifica como um coletivo e aí a festa Amem se torna uma das peças do coletivo. Tem outras movimentações também. O coletivo é uma plataforma de conhecimento da intelectualidade negra LGBTQIA+, que trata dessas intelectualidades através da performance. A gente considera performance não só corporal — que foi como começamos, nos conectando por gostar de hiphop, de house, de ritmos brasileiros, ritmos negros e queers —, mas reconhecendo o potencial de performance através da música, da dança e do audiovisual na questão da saúde da população negra, de pessoas com HIV, direitos LGBTs, direito à cidade.

Com a Amem, nós começamos uma parceria com a Secretaria de Saúde de São Paulo, começamos a organizar testagem e ações de acolhimento nas festas. Depois começamos a participar de alguns encontros da comissão e do programa de agentes de prevenção, que é um trabalho em lugares onde as pessoas têm práticas sexuais, de chegar e realmente falar sobre prevenção de uma outra forma, com pessoas que se identificam com esses grupos.

festaamem
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Pandemia

“Para a maioria das pessoas que trabalham com arte e entretenimento, o grande problema foi a falta do presencial, né? A gente depende muito disso. Falamos  muito na Amem e na cultura ballroom sobre acolhimento, então vivemos desses encontros presenciais. Fez muita falta. Claro que a gente começou a se organizar, como todo mundo, no online, mas a nossa dificuldade foi não ter o presencial, não conseguir realizar coisas de que só o presencial dá conta. Durante esses dois anos, tentamos nos articular de muitas formas, como todo mundo. Fomos tentando também fazer a movimentação online, festas, balls online, e atividades como bate-papos, podcasts.

No fim, acho que isso deu ainda mais valor para as atividades presenciais. Todo mundo sentiu a diferença que faz você ter o contato, ou ter a possibilidade de encontrar as pessoas. E acho que a gente conseguiu entender melhor os processos online. 2021 foi bem cansativo porque já tinha se desgastado muito, tava todo mundo cansado de ter que fazer coisas mirabolantes, dá muito mais trabalho no online. 

No final, acho que não teve um evento oficial que marcasse um fim desse período. Ficou essa coisa de vai e volta, abre e fecha de novo, aí reabre, aí fecha mais ou menos. Não deu pra ter realmente um evento que foi A Volta. Mas acho que as primeiras balls que a gente fez presencial teve outro problema, que era nem todo mundo estar confiante em estar presente. Em algumas das primeiras festas, conseguimos colocar a questão da prevenção, que a galera de lá que organizou, foi uma ball bem interessante. 

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Casa de Pimentas & House of Zion

“A Casa de Pimentas surgiu um pouco antes da pandemia, no final de 2019. Em janeiro de 2020, anunciamos a house para a cena. Ela começa com as pessoas que fizeram uma oficina minha de voguing no Fábrica de Cultura no Capão Redondo, e, através disso, a gente se organiza como uma Casa. A maioria dos membros são da região da zona sul, Campo Limpo, Capão, Embu das Artes. 

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“A House of Zion foi a primeira House da cena mainstream, ou da cena major, como a gente fala, que é uma cena pautada pelas primeiras casas, que começou em NY. A House of Zion ja existia, tinha sido fechada pelo Conde Zion, e em 2016 ele reabriu aqui no Brasil me convidou para ser pai da House. O Conde é o pai de todos os capítulos, é o responsável, a pessoa que fundou. Eu sou o responsável pelo capítulo do Brasil. Na Pimentas a gente tem um pouco mais de liberdade de poder criar Casas e gerenciar essa cena do Brasil. Então eu fundei a Casa de Pimentas, com meu nome como referência, como eu quero, com as pessoas que eu quero.

“Atualmente não estamos com um encontro oficial, há alguns encontros que são mais íntimos. A House of Zion a gente treina no Centro, no Anhangabaú, ou então no Centro de Culturas Negras do Jabaquara. Vamos começar a nos encontrar e treinar no Céu Feitiço da Vila. Tem vários espaços em que a gente acaba se encontrando para treinar ou só se reunir.

Onde seguir: @houseofzion, @casadepimentas, @felixpimenta, @ballroomspoficial, @pajuball e @festaamem

No guia Paulicéia 👉 Umbanda, festival de cinema, festa junina, feira de livros e outras coisas mais: 11 eventos ótimos acontecendo em São Paulo no sábado, 11/06.

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