[Paulicéia 012] Paulista Cultural e a união dos aparelhos culturais da avenida
Para Débora Vianna, gerente cultural do SESI, o foco é democratizar acesso aos museus.
TL;DR 👉 Projeto Paulista Cultural começou em 2018, por iniciativa do MASP, e une Centro Cultural FIESP, Itaú Cultural, IMS, MASP, Japan House, Sesc Paulista e Casa das Rosas. Museus criaram protocolos e ações conjuntas durante a pandemia. FILE deve voltar a acontecer em 2022.
Uma das respostas que sobre o boletim de segunda-feira veio de um amigo de outro estado: "esse aí não é aquele prédio do pato amarelo?" Pois é, ele mesmo. Incrível o alcance da campanha da FIESP e de outros atos ligados ao prédio, mas é muito importante lembrar que o lugar não pode ser limitado a isso.
No Twitter teve gente lembrando de bons shows e exposições que passaram pelo lugar. E o leitor Ricardo Martini apontou que na edição da semana passada faltou contar sobre a arquitetura do edifício FIESP-SESI. "O prédio tem projeto do escritório Rino Levi Associados, feito em 1970, e a galeria do Sesi tem projeto do Paulo Mendes da Rocha, posterior, dos anos 1990. O prédio tem também um mosaico feito pelo Burle Marx."
Ainda no tema 'repercussão', uma leitora escreveu para comentar do FILE, o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, que há vinte anos acontece no Centro Cultural FIESP. E, sim, ele vai voltar. A Débora Vianna, gerente de cultura do SESI, fala sobre o retorno do evento, que é muito querido pelo público: "A gente só parou por causa da pandemia. O FILE traz muitos artistas de fora do país, tem muitas obras, é interativo. Mas estamos conversando e estudando a possibilidade de fazermos em 2022. Imagino que lá para julho ou agosto do ano que vem a gente consiga fazer o FILE como ele sempre foi."
No boletim de hoje, Débora Vianna fala sobre o Paulista Cultural, evento inspirado no Museum Mile de Nova Iorque que oferece programação conjunta e gratuita em todos os museus da avenida: Centro Cultural FIESP, Itaú Cultural, IMS, MASP, Japan House, Sesc Paulista e Casa das Rosas. O evento acontece desde 2018 e não foi interrompido pela pandemia. A edição de 2021, na virada de junho e julho, teve mais de 14.000 visitantes virtuais acompanhando uma programação intensa de lives e mostras online.
Gaía - Qual é a importância dos espaços culturais da Paulista se apoiarem ao longo desse período?
Débora - Essa ligação é muito importante, só agrega e dá força. Você pode dividir com seus pares as dificuldades, os anseios, tudo aquilo que não tá dando certo. É possível perguntar: o que vocês fizeram? Como é que a gente pode fazer? Ninguém compete com ninguém. Tem público para todo mundo, tem espaço para todos.
Essa parceria entre as instituições da Paulista começou quando?
Começou em 2018 com uma iniciativa do MASP, que trouxe a ideia, perguntando o que achávamos de ter um final de semana ou um domingo, aproveitando o projeto Ruas Abertas. Todo mundo achou interessante. Fizemos o primeiro evento do Paulista Cultural em 2018, um domingo aberto pro público com todos os museus gratuitos, e uma interação entre os espaços. Por exemplo, o SESI levou programação para a Japan House, a Japan House levou programação para o MASP, o MASP levou para o Itaú Cultural e assim por diante. Ciamos um elo, uma conversa.
O resultado foi muito bom, com mais de 40 mil pessoas circulando. Percebemos que a união dessas instituições faz com que nos tornemos mais fortes em termos de cultura, porque você mostra que o espaço é de todos.
Nosso foco é democratizar o acesso, colocar as pessoas em contato com programações culturais, abrir espaço para os artistas, promover esse diálogo e essa interlocução das pessoas com a cultura.
O Paulista Cultural aconteceu novamente em 2019?
Em 2019 tivemos apoio do banco Itaú e conseguimos ampliar as ações. Eles deixaram as bicicletas disponíveis para as pessoas circularem, ajudaram com uma divulgação externa. Foi uma ação maior. Daí começamos a pensar em fazer mais ações por ano, fortalecer a marca do Paulista Cultural. Fizemos pontualmente ações no Dia das Crianças, no Aniversário de São Paulo. Quando chegamos a sete museus (SESC Paulista, SESI, Casa das Rosas, IMS, MASP, Japan House e Itaú Cultural) como parte do projeto, convidamos outras instituições para entrarem como parceiras, como o Teatro Gazeta e a Livraria Cultura. Eles participavam como convidados, mantendo os espaços abertos e participando da divulgação.
Como vocês se adaptaram em 2020?
Nós começamos a trabalhar a programação com meses de antecedência. Para acontecer em maio ou em abril a conversa começa em novembro, dezembro. Em março do ano passado a gente estava programando o evento de maio, para não coincidir com a Virada Cultural, fazendo todos esses estudos, ia ser super legal. Aí veio a pandemia, fechamos tudo, paramos. Tivemos que fechar os espaços e esperar, cada instituição teve que rever o que ia fazer para o público. No decorrer do tempo, vimos que as coisas não estavam melhorando e passamos a reunir semanalmente os gestores culturais de todas as instituições para discutir o que fazer quando fosse possível retornar. E aí começamos a discutir desenvolvimento de protocolos unificados, diálogos com a prefeitura, com a Secretaria Municipal de Cultura. Desenvolvemos um protocolo único, que divulgamos ao abrir os espaços presencialmente. Fizemos uma live explicando a construção deste protocolo e a participação de cada instituição, respeitando as características físicas e a programação de cada um, estabelecemos os mesmos critérios, os mesmos procedimentos, a mesma forma de divulgação. Houve realmente um alinhamento e um apoio. Esse protocolo único foi lançado antes de reabrirmos as exposições, com controle de público e agendamento prévio.
Nesse sentido, os museus são seguros?
É muito mais seguro um museu, uma galeria de arte em que você consegue criar o distanciamento, do que o ambiente fechado de um teatro, de uma sala de cinema.
Hoje sabemos que é possível reabrir com cuidado e com distanciamento, mas naquele momento o que falamos foi que as exposições são possíveis com controle de público, uso de máscaras, álcool em gel, tapete higienizante e ventilação. Conseguimos, conversando com os artistas, criar estratégias de circulação dentro das exposições, buscando ajustes que permitissem essa visitação. Mas houve realmente uma diminuição desse público, porque ninguém se sentia seguro. Ainda estamos em um processo de retomada, não podemos dizer que estamos funcionando normalmente. Isso foi legal também porque todo mundo falou que precisava receber as pessoas com cuidado.
Na próxima semana:
O guia paulistano Renato Crestincov fala sobre turismo personalizado em São Paulo. Spolier: tá rolando horrores.
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