[Paulicéia 054] 11 livros para entender a Semana de 22
Centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo motiva lançamentos que explicam e questionam os mitos acerca de 1922
Para quem é de São Paulo, ou estudou em escolas paulistas, a Semana de Arte Moderna de 1922 é colocada como um Grande Acontecimento Paulistano que mudou os rumos da cultura brasileira, atendendo tanto aos interesses dos envolvidos diretamente na Semana quanto dos poderes vigentes nos anos 1920 e nas décadas seguintes. Mas essa é apenas uma forma de ver, não é a história completa. E as celebrações do centenário são interessantes justamente por trazerem, à luz do que é discutido no Brasil de 2022, a dimensão correta do levante de Anita, Oswald, Mário, Tarsila, Graça, Di, Menotti e tantos outros agentes do Modernismo, e seus aliados e mecenas. Os livros e artigos listados abaixo colocam o foco no entendimento desses contextos e de suas necessárias atualizações.
Onde encontrar?
Todo os livros abaixo podem ser encontrados direto nos sites das editoras. Compre nessas livrarias, que entregam em todo o Brasil:
Dois Pontos
Livraria Simples
Livraria Mandarina
Livraria Megafauna
"1992, Cenas de Um Ano Turbulento", Nick Rennison (Astral Cultural)
Vale começar a pesquisa entendendo que 1922 marca um período de intensa atividade política, social e cultural em todo o mundo. A criação da União Soviética, a independência do Egito, a implantação do estado fascista na Itália, a criação da BBC, o lançamento de "Ulysses", de James Joyce, e o início da Era do Jazz são alguns dos fatos coletados pelo autor.
"22 por 22 - A Semana de Arte Moderna Vista Pelos Seus Contemporâneos", Maria Eugênia Boaventura (Edusp)
Coletânea de textos publicados por escritores, artistas, críticos e jornalistas em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro em 1922. A seleção deixa explícito o impacto do grupo modernista não apenas nas artes plásticas, mas também na arquitetura e literatura, além de desmistificar a semana como algo estritamente paulista
"Semana de 22: antes do começo e depois do fim", José de Nicola, Lucas de Nicola (Estação Brasil/Sextante)
Com 700 páginas, o livro serve como porta de entrada para quem quer entender o contexto histórico em que se desenvolve a arte moderna no Brasil, e também pontua as comemorações de cinquenta anos da Semana, em 1972, uma interessante comparação para as comemorações do centenário
"1922, a Semana que Não Terminou", Marcos Augusto Gonçalves (Companhia das Letras)
O livro-reportagem dá voz aos principais agentes da Semana de Arte Moderna, como Anita Malfatti e Graça Aranha, além de aprofundar o contexto em que vivia a elite cultural e econômica de São Paulo nos anos 1920.
Coleção modernista da Companha das Letras
A editora celebra o centenário com seis lançamentos especiais. "Modernidade em preto e branco" e "Modernismos 1922-2022" são comentários críticos que intencionam entender e desmistificar a imagem histórica da Semana de Arte Moderna, enquanto "Serafim Ponte Grande", de Oswald de Andrade, e "Parque industrial", da Pagu, são obras essenciais ligadas ao movimento – mesmo que Pagu (cuja autobiografia foi lançada pela Companhia em linda edição em 2021) não seja personagem da Semana especificamente. Também de Oswald, a editora lança "Diários Confessionais", com cadernos nunca publicados do autor. Por fim, "O guarda-roupa modernista" faz uma análise do impacto do movimento, considerando suas muitas influências européias ou locais, no modo de vestir dos anos 1920.
"Lira Mensageira: Drummond e o grupo modernista mineiro", Sergio Miceli (Todavia)
Ensaio sobre as primeiras obras dos modernistas Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, entre outros, e como seus caminhos se cruzam com o grupo de literatos mineiros de Carlos Drummond de Andrade e com a classe política da Era Vargas.
Ciclo22 da Universidade de São Paulo: reflexões sobre 1822, 1922, 2022 e 2122
Suplemento Pernambuco: O problema do modernismo brasileiro
Problemas Brasileiros: A semana que nunca acabou
Revista Rascunho: obras celebram o centenário da Semana de Ate Moderna
Ilustríssima: Semana de 22 deve ser revista, mas é delírio querer cancelá-la
Os destaques da programação de aniversário de São Paulo1, e uma homenagem da arquiteta urbanista e artista plástica paulistana Adriana Marto para o aniversário da cidade (mas só para assinantes).