O Paulicéia de hoje é extraordinário: ao invés da entrevista da semana, o que você vai ler é uma carta minha sobre o último ano à frente do Paulicéia. Voltamos à programação normal na próxima segunda, com um ótimo papo com o historiador e pesquisador Rudá K. Andrade.
Nota da editora 👉 O Paulicéia começou em abril do ano passado como uma proposta que eu criei para o Substack Local, o programa de incentivo ao jornalismo local da plataforma de newsletters. A primeira edição, um papo com dois jovens indígenas que fazem rap e moram em uma aldeia espremida pelo crescimento da cidade no Jaraguá, veio dentro do que já era a minha proposta inicial: mapear personagens pouco óbvios da cultura em São Paulo, mostrando o que pensaram e quais foram seus desafios durante a pandemia, tentando responder: e depois, o que será? Ao longo desse quase um ano, acho que fui bem sucedida em algumas semanas, nem tanto em outras, algo esperado em um projeto com tanta entrega de conteúdo — até começo de março o Paulicéia enviava três edições por semana, agora duas (uma gratuita e outra apenas para apoiadores).
Também foi natural que o formato se transformasse a cada edição. Tivemos entrevistas longuíssimas e outras bem curtas, reportagens com relatos e galerias de fotos, conversas com nomes famosos e com gente pouco conhecida do grande público mas com trabalho super relevante, pessoas nascidas e criadas em São Paulo e vindas de terras distantes, em conversas sobre comida, música, artes visuais, urbanismo, gestão pública e turismo, entre muitas, muitas outras coisas.
Nessa reta final do aporte financeiro do Substack, que acaba em junho próximo, a grande questão deixou de ser "com quem falar" e " como fazer" (a lista de personalidades entrevistáveis tem literalmente centenas de nomes e eu estou satisfeita com o formato encontrado recentemente, mais próximo do "história oral") e mais "como sustentar" — é a minha vez de responder "o que será depois". Eu ainda não tenho a resposta, mas tenho uma direção clara: o Paulicéia não pode ser um projeto feito na raça e de graça, correndo o risco de se tornar mais um entre tantos conteúdos lançados no éter da internet. Cada edição leva dias para realizar. A produção, pesquisa, redação, revisão, publicação e manutenção de base de assinantes é um trabalho que não para – e que minha experiência de mais de vinte anos escrevendo online ensinou que não é possível fazer sozinha.
Em resumo: para ser tão legal quanto o projeto pretende e pode ser, o Paulicéia precisa ser financeiramente viável. E o prazo para essa viabilidade está acabando.
Ainda que signifique pouco da receita (é preciso tempo e muito trabalho de bastidores para chegar até um modelo 100% pago por assinaturas), o apoio mensal dos assinantes é muito importante: ele mostra quando estamos no caminho certo de criar um conteúdo pelo qual as pessoas estão literalmente dispostas a pagar para receber. Outro dado relevante que confirma essa direção é a taxa de abertura do envio gratuito nas segundas (sempre em torno de 45%) e do Guia Paulicéia, enviado às sextas (não raro ultrapassa 70%). O que me leva a um dos motivos pelos quais é tão bacana trabalhar com newsletter: a confiabilidade dos dados de audiência.
Para você que me leu até aqui e está pensando que seria uma pena o projeto acabar: seria mesmo, estamos trabalhando para que possa continuar do jeito que deve.
E para você que leu até aqui e conhece uma marca ou empresa que tenha interesse em patrocinar a próxima temporada do Paulicéia: vamos conversar?
Obrigada,
Gaía Passarelli e equipe Paulicéia: Camila Mazzini, Milo Araújo e Mateus Baldi
Apenas para apoiadores 👉 No próximo Guia Paulicéia: coisas para fazer em São Paulo no mês de abril.